Dia 14 de abril de 1984 – Florianópolis.
No cais do Iate Clube de Santa Catarina, os familiares e amigos nos olhavam com tristeza e pena ao se despedirem de nós. Comentavam entre si: “Coitados, saindo para navegar mar afora… Com esse frio… Com essas crianças… O mais novo só tem 7 anos… Será que ninguém botou juízo na cabeça deles? Aposto que se os meninos pudessem escolher não iriam junto com os pais… E num barco tão pequeno, sem marinheiro…”
Esperamos passar a chuva e soltamos as amarras do Guapo. A visibilidade era pouca, a navegação na baía exigia nossa máxima atenção. Talvez isto tenha ajudado a disfarçar a ansiedade e a emoção que todos sentíamos. Nosso sonho estava se tornando realidade mas, mesmo assim, as dúvidas e as incertezas eram sentimentos muito fortes.
Hoje, 31 anos depois, sempre que penso naquele dia, me lembro do friozinho na barriga, do medo de estar tomando uma decisão errada. Mas vendo o brilho nos olhos de nossa pequena e valente tripulação, de repente tive certeza de que estava fazendo a escolha certa.
“Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos. É justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis.” Sêneca