BLOG

13/02/2016

Um lugar difícil de descrever

Você sabe que existem alguns lugares que são difíceis de descrever? “Ah é lindo! Exótico! Misterioso! Inesperado! Tem gente legal! Tem paisagens maravilhosas!”

Olha, o melhor mesmo, é você visitar o local para entender o que estou falando.

Assim me sinto sobre Papua Nova Guiné. Talvez seja porque por mais que tenha lido sobre o país nada me preparou para “estar aqui”.

Talvez seja porque há indícios de que as pessoas vivem aqui há mais de 40.000 anos. Talvez seja que existam quatro vezes o número de espécies de peixes e corais nos recifes do que em qualquer outro lugar do mundo. Talvez seja porque ainda existem vulcões em erupção, de vez em quando, remodelando a paisagem.

Talvez seja porque na costa a temperatura chega a quase 40ºC, na montanha mais alta – monte Wilhelm de 4.509 metros – tem neve a 0ºC. Talvez seja porque a Nova Guiné foi um dos últimos lugares da Terra a serem colonizados pelo Ocidente e nunca se “conformou/colonizou”.

Talvez seja porque há mais de 800 línguas faladas aqui. Talvez porque algumas tradições e costumes têm poderes mágicos para transportar os visitantes através do tempo para um passado misterioso.

Talvez o fato de que muitos dos ilhéus em arquipélagos mais isolados não usem dinheiro, mas ainda negociem com colares de conchas para todas as necessidades do dia a dia. Esse culto, o Kula, é um círculo fechado de sistema de intercâmbio de mercadorias que leva os participantes a construírem imensas canoas a vela para enfrentar o mar para visitar e se socializar com seus parceiros em ilhas distantes.

Talvez porque as crianças sejam criadas livres, em contato estreito com o mar – onde nadam, remam, velejam e brincam.

Talvez navegando por essas águas tranquilas, mergulhando em naufrágios de aviões e navios, fiquei imaginando que na Segunda Guerra mundial aqui foi o palco das mais ferozes batalhas militares e que tantas vidas se perderam. E pergunto a mim mesma: por quê? Fico triste de descobrir que a humanidade não aprendeu e continua fazendo guerra.

Visitamos somente poucos lugares na costa/litoral, mas assim mesmo fiquei surpresa com a característica principal das pessoas: hospitalidade! Sorrisos abertos e generosidade de compartilhar o pouco que têm.

Passamos pouco tempo aqui, e temos muito o que conhecer. Talvez seja essa a magia de Papua Nova Guiné. Fazer com que você tenha vontade de voltar.

Talvez.