Olhar para trás não traz apenas memórias, mas lembretes importantes de aprendizado. Confira um trecho do livro de Heloísa Schurmann, Dez Anos no Mar.

”Não são poucas as pessoas que imaginam ser o navegador um ser especial e diferente, com espírito aventureiro, sempre pronto a desafiar os perigos e o destino, arriscando-se e arriscando a vida. E por isso mesmo, por idealizarem demais esta figura construída a partir de míticas fantasias, acabam elas mesmas não realizando seus sonhos, por achá-los menores ou por se acharem menos capazes. Sei que nada disso é verdade. E sei porque sou marinheira e mulher de navegador.

A opção de vida de Vilfredo – e a nossa – foi feita num tempo já muito distante. Mas nem por isso as coisas aconteceram por milagre. Vilfredo tornou-se marinheiro, navegador e capitão experiente à custa de muito estudo, de muito trabalho e de muito aprender com os erros, e, principalmente, de um aprendizado constante, que continua nos dias de hoje.

Neste aprendizado constante há toda uma filosofia de vida. Mas talvez a primeira lição possa ser resumida no ditado antigo e sábio: um passo depois do outro, tudo feito com calma, sem pressa, a medida do tempo corre diferente na vida do mar. E com boa dose de humildade.”