BLOG

31/07/2016

Vulcões e o clima terrestre

Em abril de 1815, a erupção do vulcão Tambora, na ilha de Sumbawa, na Indonésia, lançou 2 bilhões de toneladas de cinzas e aerosol sulfúrico que se espalhou pelo globo, bloqueando a luz do sol e produzindo três anos de esfriamento do planeta.

Considerada a explosão vulcânica mais poderosa já registrada na história, a erupção do Tambora matou 92 mil pessoas. Também abalou a terra em uma catástrofe imensa que, ainda hoje, 200 anos depois, os cientistas estão tentando entender suas repercussões. Depois de muitas pesquisas, foi confirmado que a erupção teve um papel fundamental no esfriamento do clima, no colapso da agricultura e nas epidemias de cólera e outras catástrofes pelo mundo.

As erupções vulcânicas na Indonésia e nas Filipinas preocupam os cientistas com a possibilidade de alterações no clima terrestre. O monte Pinatubo, em 1991, provocou uma redução de um grau na temperatura média global.

É incrível como eventos fundamentais da história da humanidade têm sido influenciados pelo clima mais frio causado pelas cinzas e partículas de aerossol lançados pelos vulcões na atmosfera. Estamos à mercê das forças geológicas e climáticas que influenciam e muitas vezes mudam os panoramas econômicos e sociais do mundo.

A força dos vulcões é impressionante. Na mais famosa erupção do Monte Cracatoa, em 1883, o vulcão lançou cerca de 150 quilômetros cúbicos de cinza na troposfera, e matou cerca de 92 mil pessoas. A coluna de cinza e fumaça atingiu 40 km de altura.

A Indonésia tem 76 vulcões ativos e detém o recorde mundial de maior número de erupções (mais de 1,1 mil), que produziram fatalidades, geraram tsunamis (ondas gigantescas), fluxos e domos de lava, e arruinaram terra arável.

As erupções vulcânicas esfriam a temperatura global. O dióxido de enxofre presente nos gases da erupção reagem com água na estratosfera e formam gotas de ácido sulfúrico (aerossol). Essas gotas refletem a luz do sol e diminuem a temperatura na superfície da Terra e contribuem para aumentar o “buraco” de ozônio. O efeito de resfriamento dura entre um a dois invernos.

O fenômeno do “Ano Sem Verão” ocorreu na Europa e na América do Norte, com uma queda média de temperatura de 3 graus Celsius, e nevascas em junho. As cataratas de Niágara congelaram totalmente no inverno daquele ano, bem como a maioria dos lagos e rios no hemisfério norte. Juntamente com o Tambora, outras erupções ocorreram na mesma época, como o Soufriére, no Caribe, em 1812, e o Monte Mayon, nas Filipinas, em 1814.

O clima mais frio do que o normal causou enormes perdas nas colheitas e gerou muita fome e desgraça mundialmente. Na Irlanda, a queda na colheita de batata entre 1813 e 1815 matou mais de 100 mil pessoas. Na China, as plantações de arroz secaram e milhões de pessoas morreram de fome. Os efeitos foram tão devastadores que muitos países passaram por ondas de fome, doenças, agitação civil e declínio econômico.

O resfriamento do planeta foi o responsável pela a pandemia de cólera em 1817 que começou na Índia e matou globalmente dezenas de milhões de pessoas. A doença se propagou por meio de uma combinação fatal de mudanças nas monções e de chuvas ininterruptas.

É um fato interessante que os mais aterradores espetáculos da força na natureza, os vulcões, restritos a pontos muito pequenos da superfície terrestre, tenham essa capacidade de influenciar os eventos climáticos, e a vida dos seres humanos.