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22/07/2015

A ancoragem na Ilha de Páscoa e um novo amigo

Chegar à Ilha de Páscoa é bem difícil: um dos motivos principais é a ancoragem. Em menos de três anos foram parar nas pedras e corais nada menos que cinco veleiro. Não existe uma baia abrigada e a regra é analisar todos os dias a previsão meteorológica e as mudanças dos ventos.

Nos 25 dias que permanecemos na Ilha, tivemos que mudar de ancoragem por várias vezes. O fundo é de coral liso misturado com uma camada de areia. Quando chegamos na ilha, tentamos por duas vezes ancorar sem sucesso. A âncora não fixava. Na terceira ela pegou.

Uma regra importante é nunca deixar o veleiro só. Também em todas ancoragens tem ondas de fundo e o balanço do veleiro é constante.

Para se conseguir peças de reposição, somente solicitando a Santiago. O que tem na ilha é o básico.

O Vitor Ika, natural da Ilha que virou nosso amigo quando passamos por Páscoa em 1998 nos emprestou a sua van por todo o tempo que estivemos na ilha. Tivemos um problema na porta. Ela não fechava.

Fui em diversas oficinas e todos diziam, tem que vir a peça de Santiago. Irá demorar no mínimo uns 30 dias para chegar. Era necessário colocar na peça da porta três rolamentos pequenos.

Não podia acreditar, devia ter alguém. Fui em busca de quem consertasse. Depois de muito procurar, encontrei a solução na oficina do mecânico Manoel.

Fiquei uma tarde inteira ajudando o Manoel a consertar a porta. Não havia esses rolamentos na Ilha e todos diziam que teria que trocar a peça inteira. O Manoel foi a busca dos rolamentos em uma caixa enorme cheio de peças velhas. Me mostrou umas lixadeiras velhas e as desmontou. Disse: “está resolvido, encontrei os rolamentos”.

Conseguimos consertar, digo conseguimos, porque trabalhei com ele no conserto. Ficamos amigos.

Estávamos prontos para zarpar para Polinésia quando recebemos um e-mail da equipe de São Paulo solicitando uma transmissão ao vivo para o programa da Fátima Bernardes na TV Globo.

Fomos buscar o lugar onde haveria internet rápida e nos indicaram que somente no Hotel Hanga Roa haveria. Durante a transmissão, era necessário ter o veleiro Kat ancorado no cenário.

André Edmunds, gerente do hotel, foi de uma gentileza extrema, nos deixou à vontade para instalar toda a parafernália de equipamentos para obtermos uma imagem de qualidade.

Todas as pessoas na Ilha de Páscoa foram de uma cordialidade sem precedente. O brasileiro é muito bem recebido por aqui. Quando falávamos que éramos brasileiros, vinha atrás um sorriso de admiração.

Para termos acesso aos lugares e facilidades nas filmagens, fizemos uma reunião no Parlamento Rapa Nui. Ele é formado por líderes nativos. Fizemos uma explanação mostrando o nosso propósito de levar a cultura Rapa Nui para os lares brasileiros e foi nos dado um passe especial que facilitou muito nosso trabalho.

Tivemos também o apoio do departamento de turismo através do Sebastian Paoa, um dos poucos na ilha que conhece profundamente a verdadeira história Rapa Nui, do lado cientifico e do lado dos seus ancestrais e sem mitos exagerados.